Cuidado com as Altas Taxas de Administração de Fundos de Investimentos

Estamos num processo, que entendo ser praticamente irreversível, de redução das taxas reais e nominais de juros no Brasil. O governo vem atacando alguns problemas específicos do mercado financeiro, dentre eles a baixa concorrência em determinados segmentos. Atualmente em 9%, tudo indica que o processo de queda da taxa básica continuará. O ambiente é complexo, com influências em diferentes direções: cenário externo muito conturbado, atividade econômica doméstica com sinais de fraqueza, elevação da inadimplência sobre o crédito em geral, etc. Nesse processo, era necessário modificar a legislação que regula a remuneração da poupança – o que acabou de ser feito, confesso que de forma corajosa pelo governo, num ano de eleições municipais. Os investidores precisam prestar atenção às taxas de administração dos fundos de investimentos mais comuns do mercado destinado ao público em geral: os fundos DI e os fundos de Renda Fixa. Em geral os fundos de investimentos voltados para pessoas físicas têm taxas elevadas. Em média, se observam taxas acima de 2% ao ano. O peso da taxa de administração na rentabilidade dos produtos será muito significativo nesse ambiente de juros menores. Com as novas regras da poupança, que irá render 70% da taxa Selic (quando esta estiver num patamar igual ou inferior 8.5% ao ano), o investidor em fundos precisará redobrar a atenção. Exemplo: – taxa de juros de 8% A poupança renderá 5.6% ao ano, isento de imposto de renda. Para comparar com fundos de investimentos conservadores, que em geral tendem a render bruto, antes da cobrança da taxa de administração, a taxa Selic (ou seja, 8% ao ano do exemplo), será necessário fazer algumas contas simples. O rendimento líquido dependerá da taxa de administração e da alíquota de IR em fonte. Assumindo uma alíquota de 20% de IR (investimentos entre 6 a 12 meses de tempo), o rendimento do fundo teria que ser de 7% ao ano líquido de taxas de administração para empatar com a poupança (5.6 / 0.8). Ou seja, se o fundo cobrar mais de 1% ao ano de taxa de administração, a rentabilidade será inferior à poupança. No caso de um investidor que está há mais de 2 anos investido (com IR portanto de 15%), a rentabilidade líquida do fundo, antes de taxa de administração, teria que ser de 6.59% (5.6 / 0.85). No máximo, a taxa de administração teria que ser de 1.41% para empatar com a poupança. Fiquem atentos a essa questão. O governo está num processo de indução à redução de diversas taxas, inclusive a de administração de fundos de investimentos. Minha sensação é que os bancos irão lançar fundos novos com taxas mais baixas, mas terão forte resistência a reduzir as taxas dos fundos antigos. Fiquem atentos e migrem para produtos mais eficientes depois de avaliarem bem esses impactos.