Começo o artigo fazendo uma pergunta: há como planejarmos a própria vida, pessoal e familiar, desconsiderando os aspectos financeiros que a envolvem?
Acredito que a maior parte dos leitores tenha respondido que não. Portanto, o planejamento financeiro não é algo estanque de todo resto e não está limitado a uma determinada idade ou fase, ele é parte intrínseca do planejamento da vida.
Como lidamos com a nossa vida financeira é algo muito mais rico do que simplesmente falarmos de dinheiro. Reflete quem somos e envolve nossas experiências pessoais e familiares com o tema, nossos valores e atitudes. Infelizmente, o que vemos, em geral, são pessoas que não fazem qualquer tipo planejamento e vão vivendo no “curto prazo”.
Feito esse preâmbulo, vamos ao tema:
O que é o planejamento financeiro?
O planejamento financeiro é um processo, contínuo, que auxilia os indivíduos a lidar com os assuntos financeiros de uma forma mais organizada e integrada, com uma visão mais ampla e de mais “longo prazo”. Começa pelo estabelecimento de objetivos de curto, médio e longo prazo que, em geral, são concomitantes, muitas vezes conflitantes e nem sempre tão claros assim.
Por ser um PROCESSO existem etapas a serem cumpridas.
A partir dos objetivos, temos que: (i) entender e (ii) avaliar a situação aonde estamos; (iii) traçar e (iv) implementar estratégias, realistas e viáveis, que nos ajudem a alcançar os objetivos e (v) monitorar e corrigir a rota quando necessário.
Ressalto aqui um engano comum: grande parte das pessoas acredita que o planejamento financeiro é voltado somente para quem tem dinheiro e precisa fazer uma melhor gestão dos seus investimentos. A verdade é que planejamento financeiro é um processo holístico, que permeia todos os assuntos que compõem a vida financeira do indivíduo em cada uma das suas fases.
De acordo com o Financial Planning Standards Board (FPSB), são seis os componentes do planejamento financeiro:
– Gestão Financeira: criação e manutenção de capacidade financeira (receitas, despesas e patrimônio) para atingir os objetivos;
– Gestão de Risco: diagnóstico e proteção/mitigação dos riscos a que estamos expostos;
– Gestão de Ativos: rentabilização e preservação do patrimônio;
– Planejamento para a Longevidade/Aposentadoria: preparação para a cobertura das necessidades financeiras na fase da vida onde não haverá mais renda do trabalho;
– Planejamento Tributário: otimização da estrutura tributária que incide sobre a renda e o patrimônio;
– Planejamento Sucessório: preservação, continuidade e transmissão do patrimônio.
Eu, particularmente, ressalto um sétimo e não menos importante componente: o Psicológico e Comportamental.
Respondendo as demais questões do título:
Como começa o planejamento? A partir de que idade?
Quando começar? Quanto antes melhor. O planejamento financeiro deve começar desde cedo, na infância, com a educação financeira e com o aprendizado de como a família lida com os temas da vida financeira. Quanto mais cedo o indivíduo/família se organizar e planejar, maiores serão os benefícios.
Do ponto vista concreto, o planejamento financeiro começa em duas principais situações:
– Quando o indivíduo tem o entendimento dos inúmeros benefícios de se organizar para atingir os objetivos estabelecidos e de se estar melhor estruturado e preparado para superar momentos de adversidade com um menor nível de desgaste e estresse possível;
– Quando por alguma razão particular o indivíduo vê a necessidade de se organizar e planejar.
Concluindo: O planejamento financeiro requer muito mais do que apenas boas intenções, ele requer estratégias e ações que muitas vezes exigem mudança de comportamento, quebra de paradigmas e disciplina.
Maria Angela Nunes Assumpção é Planejadora Financeira Pessoal, possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), e é sócia da Moneyplan Consultoria. E-mail: angela@moneyplan.com.br
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